Ninguém em Itajubá acredita nas grandes enchentes, só eu.
Por isso moro num morro.
Voltar pra casa de bicicleta cansa.
Quando externalizo minhas previsões de dilúvio, sou - com razão - ridicularizado.
São 20 anos de terra seca.
A cidade crê na calha do rio, eu creio no vale.
Infelizmente, tenho certeza de estar certo, mas meu discurso soa como o de um beato, um Antonio Conselheiro a pregar que o sertão vai virar mar.
Pra mim, a cidade tem grandes enchentes a cada 10 anos.
A última foi em 2000.
Lá se vão 19 anos sem inundações.
20, se pensar que a estação da chuva já passou.
É muito tempo.
Todos esqueceram.
Creem em obras reais ou imaginárias de prefeitos.
Lamento, prefeito pode muito, mas ninguém segura as águas.
O Vale do Sapucaí é plano, porque o rio assim o fez. Cavucando o Alto da Mantiqueira.
Em Itajubá, tudo o que é plano, é inundável.
Por acreditar nos meus (tristes) vaticínios, moro no alto de um morro, enquanto a cidade se esbalda na delícia do plano.
E assim, reclamando e prevendo, Antonio Conselheiro volta pra casa de bicicleta.
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