Certa vez em Montevideo, numa noite de um dia cansativo, resolvemos ir a um show de tango em um bar de turistas perto do hotel.
O local estava lotado.
Duas senhoras gentilmente me ofereceram cadeiras, em frente ao palco.
Agradecido - e percebendo que elas bebiam cerveja - peguei uma Patricia Pilsen na minha comanda. Ofereci.
Aí começamos uma conversa agradável.
Não falo espanhol, mas adoro a corda bamba de tentar.
Não raro, cometo gafes homéricas.
O local estava lotado.
Duas senhoras gentilmente me ofereceram cadeiras, em frente ao palco.
Agradecido - e percebendo que elas bebiam cerveja - peguei uma Patricia Pilsen na minha comanda. Ofereci.
Aí começamos uma conversa agradável.
Não falo espanhol, mas adoro a corda bamba de tentar.
Não raro, cometo gafes homéricas.
Minha esposa estava particularmente linda neste dia e elas viam nela um exemplar da típica uruguaia.
Marcela, mais comedida, olhava calada e sorrindo.
As senhoras contaram que o tango era uruguaio, assim como Gardel (que apenas se mudou para a Argentina).
Marcela, mais comedida, olhava calada e sorrindo.
As senhoras contaram que o tango era uruguaio, assim como Gardel (que apenas se mudou para a Argentina).
Contaram que o Uruguai é muito chiquito e a Argentina tomava para si tudo que era bom do Uruguai: tango, Gardel, alfajor, doce de leite.
A mais nova estava na casa do 60 e se chamava Helena.
A outra (eram irmãs) Raquel, já era octogenário.
Helena então falou algo sobre o nome da irma.
A mais nova estava na casa do 60 e se chamava Helena.
A outra (eram irmãs) Raquel, já era octogenário.
Helena então falou algo sobre o nome da irma.
Ri socialmente por não entender.
Ela me explicou que o nome era algo.
Não entendi o que ela falou, mas certamente era ruim.
Discordei educadamente. Raquel era um nome lindo e bíblico, comum em diversos países.
Ela me explicou que o nome era algo.
Não entendi o que ela falou, mas certamente era ruim.
Discordei educadamente. Raquel era um nome lindo e bíblico, comum em diversos países.
Ela ria dizendo "rudio".
Eu demorei a entender que rudio era judeu.
Concordei. Raquel é bíblico e judeu.
Daí foram uns minutos de absurdos contra os judeus.
Aquilo me ofendeu pessoalmente, mesmo eu não sendo judeu.
Mas não deixava de ser um programa turístico, já que eu nunca havia presenciado um discurso anti-semita ao vivo.
Juro que pensava que este tipo de coisa não mais existisse no ocidente.
Mas não deixava de ser um programa turístico, já que eu nunca havia presenciado um discurso anti-semita ao vivo.
Juro que pensava que este tipo de coisa não mais existisse no ocidente.
Ouvi calado.
Quando terminou, disse que os judeus eram humanos, como todos os outros.
Disse que certamente haveria judeus bons e ruins, como há brasileiros e uruguaios do mesmo modo.
Elas argumentaram sobre a riqueza dos judeus de Nova Iorque.
Não entendo quando atacam uma pessoa com o adjetivo rica.
Riqueza é sempre algo louvável, problema é a pobreza.
Disse que certamente haveria judeus bons e ruins, como há brasileiros e uruguaios do mesmo modo.
Elas argumentaram sobre a riqueza dos judeus de Nova Iorque.
Não entendo quando atacam uma pessoa com o adjetivo rica.
Riqueza é sempre algo louvável, problema é a pobreza.
Nossa conversa deveria ter acabado ali, mas pensei no show e na cerveja gelada nos copos.
Ficamos mais um tempo.
Ficamos mais um tempo.
De pouco adiantou. Elas então deduziram que eu era judeu e viam em cada sorriso ou gesto educado meu uma demonstração cabal do cinismo israelita.
Católico, dizia eu inutilmente.
Para as duas a estrela de David estava tatuada em minha testa.
Nenhum católico defenderia um judeu.
Sim, eu era um dissimulado judeu, fingindo ser católico.
Nenhum católico defenderia um judeu.
Sim, eu era um dissimulado judeu, fingindo ser católico.
Dali pra frente não havia mais clima pra nada.
Quis dizer algo educado-ofensivo como "amo demais meu prepúcio para ser judeu", mas não convinha.
A corda bamba da língua não suportaria está manobra.
Pedi a conta e voltei para o hotel.
Quis dizer algo educado-ofensivo como "amo demais meu prepúcio para ser judeu", mas não convinha.
A corda bamba da língua não suportaria está manobra.
Pedi a conta e voltei para o hotel.
Muito bom, vai escrever agora? Legal. Também gostaria de escrever nas horas livres.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirVoltei a mexer no blog.
Estou tomando gosto.
Obrigado pela leitura.
Abs
A ostensiva ofensa ao prepúcio mineiro vs a lâmina bamba do argumento que jamais será ouvido. Todos patrícios(saúde!), pero não tão nobres. Parabens pela tentiva e pelo texto.
ResponderExcluirValeu Kleber!!!
ExcluirVolte ao blog sempre.
Abs