terça-feira, 31 de março de 2020
Gripezinha
O covid-19 não causa gripe.
Biologicamente simples: gripe é causada por um virus diferente.
O covid-19 é um corona.
A gripe é um influenza.
Flue, em inglês, vem do inFLUEenza.
Nosso corpo conhece o influenza, mas não conhece o covid-19.
O corpo dos nativos americanos não conhecia a gripe, lembra?
O corona pode causar sintomas similares a uma gripe comum, mas uma gripe nunca foi boba.
Em duas palavras: índios e gripe espanhola.
Só nossa ignorância em História justifica gripe como se fosse nada.
Biologicamente simples: gripe é causada por um virus diferente.
O covid-19 é um corona.
A gripe é um influenza.
Flue, em inglês, vem do inFLUEenza.
Nosso corpo conhece o influenza, mas não conhece o covid-19.
O corpo dos nativos americanos não conhecia a gripe, lembra?
O corona pode causar sintomas similares a uma gripe comum, mas uma gripe nunca foi boba.
Em duas palavras: índios e gripe espanhola.
Só nossa ignorância em História justifica gripe como se fosse nada.
Duarte, o roedor
A língua nos prega peças.
O animal aí de cima é conhecido com cotia ou cutia, mas também é chamado duarte.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cutia
Atualização
A postagem "Eu pensava que ele seria ruim. Só não esperava tanto." foi pensada para Bolsonaro, mas merece uma atualização. Pode-se incluir o vírus.
segunda-feira, 30 de março de 2020
O bafo quente da pandemia
A Prefeitura de SJC/SP registra 32 casos de corona vírus.
6 mortes suspeitas são investigadas.
São José dos Campos é aqui do lado.
Chegou.
https://www.sjc.sp.gov.br/servicos/saude/coronavirus-acoes-em-sao-jose/informe-epidemiologico/
6 mortes suspeitas são investigadas.
São José dos Campos é aqui do lado.
Chegou.
https://www.sjc.sp.gov.br/servicos/saude/coronavirus-acoes-em-sao-jose/informe-epidemiologico/
Orthographia Antiga
A antiga ortografia era mais complicada, contudo seguramente mais bonita.
Photographia, Nictheroy são imbatíveis.
Até cavallo fica melhor com dois eles.
Photographia, Nictheroy são imbatíveis.
Até cavallo fica melhor com dois eles.
É só isolar os idosos
Acredito demais nesse tal isolamento vertical.
A Inglaterra fez e deu super certo.
Só não conseguiram evitar a contaminação de dois idosos: a Rainha Isabel II e o Principe Carlos.
A Inglaterra fez e deu super certo.
Só não conseguiram evitar a contaminação de dois idosos: a Rainha Isabel II e o Principe Carlos.
Hamlet 2020
"Morrer ou falir" se tornou a versão atual do velho To be, or not to be.
Ambas as correntes têm defensores fanáticos.
Ambas as correntes têm defensores fanáticos.
domingo, 29 de março de 2020
Silêncio pré bombardeio
O virus mata, mas o que arrebenta a gente é esse silêncio.
Será que chega hj?
Será que é amanhã?
Será que vem?
Se vier, é isso tudo mesmo?
Como acalmar pessoas em uma pandemia
Vendo todos desesperados, o líder acalmou o povo: "Todos iremos morrer um dia".
Ao perceber a beleza e objetividade das palavras, as pessoas aceitaram seu destino.
Ao perceber a beleza e objetividade das palavras, as pessoas aceitaram seu destino.
Aquele 1%
Qual é a letalidade do covid-19?
Ninguém sabe, mas não é 1%.
No Reino Unido, está em 5,9%. Na França, 6%. Na Espanha, 8,2%. Na Itália, 10,8%.
(By O Antagonista)
Ninguém sabe, mas não é 1%.
No Reino Unido, está em 5,9%. Na França, 6%. Na Espanha, 8,2%. Na Itália, 10,8%.
(By O Antagonista)
sábado, 28 de março de 2020
Assim escreveu William Blake
"A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria."
The road of excess leads to the palace of wisdom.
The road of excess leads to the palace of wisdom.
Um das imagens (em verso) que mais gosto
"As bactérias de água de potável".
(Sim, na água potável há bactérias)
Não Aceito
Morrer de infarto fulminante... acontece.
Derrame, cancer, acidente de carro, acidente de aviao, velhice.
Tudo isto acontece.
Morrer de diarreia, coqueluche, gripe, corona virus... é - pra mim - inaceitavel.
Acho inaceitavel morrer por doença tratavel e evitavel.
Sei que não tenho razão.
É que simplesmente nao aceito um punhado de coisas.
Nao aceito a careca, a pobreza, a velhice, a morte...
É de mim "nao aceitar".
Derrame, cancer, acidente de carro, acidente de aviao, velhice.
Tudo isto acontece.
Morrer de diarreia, coqueluche, gripe, corona virus... é - pra mim - inaceitavel.
Acho inaceitavel morrer por doença tratavel e evitavel.
Sei que não tenho razão.
É que simplesmente nao aceito um punhado de coisas.
Nao aceito a careca, a pobreza, a velhice, a morte...
É de mim "nao aceitar".
sexta-feira, 27 de março de 2020
Pedra & Concreto
De todos os escritores que conheci, Marcos Rey é o mais injustiçado.
Taxaram-no como sub-literatura.
Logo ele, talvez o melhor prosador de sua geração e um criativo criador de histórias.
Talvez pq os leitores o conheceram pela "Coleção Vagalume".
Memórias de um Gigolô é um dos livros mais agradáveis que li e reli.
Ao morrer, em 99, fez um último pedido: ser cremado e suas cinzas jogadas em qualquer lugar em que exista "pedra e concreto".
Taxaram-no como sub-literatura.
Logo ele, talvez o melhor prosador de sua geração e um criativo criador de histórias.
Talvez pq os leitores o conheceram pela "Coleção Vagalume".
Memórias de um Gigolô é um dos livros mais agradáveis que li e reli.
Ao morrer, em 99, fez um último pedido: ser cremado e suas cinzas jogadas em qualquer lugar em que exista "pedra e concreto".
Lembranças Futuras
No futuro, quando jovens me perguntarem sobre corona vírus e a crise de 20 (sim, no futuro 2020 será conhecido como 20); lembrarei apenas disso:
Foi quando minhas filhas aprenderam andar de bicicleta.
Economico
Zelador,
Economico é pouco.
Estou parado mesmo.
Aliás, sei que estou chato e queria poupar vc disso.
Só leio e penso em corona virus.
Faço minhas previsões, apostas... tudo muito chato pra colocar no blog.
Mas vamos lá:
Bolsonaro dobrou sua aposta na gripezinha.
Se ele estiver certo (e o mundo errado), sai fortalecido desta.
Estou preocupado com o esquecimento do Ronaldinho Gaucho preso no Paraguai.
Hoje temos um governo em que o presidente tem menos autoridade que 3 de seus ministros: Mandetta, Guedes, Moro.
Ponto pra Bolsonaro que montou um ministério técnico.
(Tira-se o ponto se vc pensar que o presidente fala besteira demais).
Se a doença vier com força, creio que Caiado será o próximo presidente.
Doria e aquele mala do Rio (de nome impronunciável) não ganham.
Pra mim, que fiz até o quinto ano de Medicina pelo Instituto Universal Brasileiro, o números de infectados no Brasil é sub-dimensionado.
Calculo 1 morte pra cada 1000 infectados.
Como batemos (infelizmente) em 77 mortes, temos 77.000 infectados.
Descobrimos, meio sem querer, que o Brasil tem bem mais UTIs per capita que Italia, França e Reino Unido.
Talvez agora o SUS vire orgulho nacional.
INSS e SUS não tem torcida a favor.
Podia mudar isso um dia...
Desobedeci todo mundo e fui pra praia no feriado.
Fui pq sabia que seria o lugar menos povoado do sudeste.
Acertei.
Poucas pessoas e supermercados abastecidos.
Definitivamente penso sempre o oposto do mundo.
Estou com saudade de minha Mãe, Avó, Sogra e Sogro.
Internet não resolve.
Aproveitei as ruas vazias e ensinei minhas filhas a andarem de bicicleta.
Não foram poucas as pessoas que me olharam como eu estivesse cometendo um crime.
Deixemos as paranoias para os paranoicos.
Certeza só uma: sou feliz por não ter vivido uma guerra.
quinta-feira, 26 de março de 2020
Assim Falou Nelson Rodrigues
Assim é um Líder
O líder é um canalha. Dirá alguém que estou generalizando. Exato: estou generalizando. Vejam, por exemplo, Stalin. Ninguém mais líder. Lênin pode ser esquecido, Stalin, não. Um dia, os camponeses insinuaram uma resistência. Stalin não teve nem dúvida, nem pena. Matou, de fome punitiva, 12 milhões de camponeses. Nem mais, nem menos: — 12 milhões. Era um maravilhoso canalha e, portanto, o líder puro. E não foi traído. Aí está o mistério que, realmente, não é mistério. É uma verdade historicamente demonstrada: — o canalha, quando investido de liderança, faz, inventa, aglutina e dinamiza massas de canalhas. Façam a seguinte experiência: — ponham um santo na primeira esquina. Trepado num caixote, ele fala ao povo. Mas não convencerá ninguém, e repito: — ninguém o seguirá. Invertam a experiência e coloquem na mesma esquina, e em cima do mesmo caixote, um pulha indubitável. Instantaneamente, outros pulhas, legiões de pulhas, sairão atrás do chefe abjeto.
Mas dizia eu que Stalin não foi traído, nem Hitler. O Fuhrer, para morrer, teve de se matar. (Nem me falem do atentado dos generais grã-finos. Há uma só verdade: — nem o soldado alemão, nem o operário, nem o jovem, nem o velho, traíram Hitler.) E, quanto a Stalin, ninguém mais amado. Só Hitler foi tão amado. Aqui mesmo, no Brasil. Bem me lembro, durante a guerra, dos nossos stalinistas. Na queda de Paris, um deles veio-me dizer, de olho rútilo e lábio trémulo: - «Hitler é muito mais revolucionário do que a Inglaterra.»
Sim, o que se sentia, aqui, por Stalin, era uma dessas admirações hediondas. Eu via homens de voz grossa, barba cerrada, ênfase viril. Em cada um dos seus gestos, a masculinidade explodia. E, quando falavam de Stalin, eles se tornavam melífluos, como qualquer «travesti» do João Caetano ou do Teatro República. O que se sentia, por trás desse arrebatamento stalinista, era um amor quase físico, uma espécie de pederastia idealizada, utópica, sagrada. Com as mandíbulas trémulas, uma salivação efervescente, os fanáticos chamavam o Guia de «o Velho». E essa paixão era de um sublime ignóbil.
Já o Czar foi o antilíder. Há um quadro russo da matança da Família Imperial. (A pintura de lá, tanto a czarista, como a soviética, é puro Osvaldo Teixeira.) Eis o que nos mostra a tela: empilhados, numa bacanal de defuntos, o Czar, a Czarina, as princesinhas, etc., etc. Uns por cima dos outros, e cravejados de balas. Os soldados receberam a ordem e estouraram a cara dos velhos, das mocinhas, dos meninos. Mas não vamos assumir, aqui, nenhuma postura sentimental. Eis o que importa dizer.
Na véspera de morrer, o nosso Nicolau entretinha-se na redacção do seu diário. Fazia diário como qualquer heroína da Coleção das Moças. Reparem no antilíder, no anti-rei no antitudo. No dia seguinte estariam à mostra os intestinos dele mesmo, as tripas da mulher, dos filhos, dos sobrinhos, dos netos. Mas ele não teve nenhum sentimento da morte. No jardim havia um «lago azul» como o da nossa canção naval. E, lá, dois ou três cisnes deslizavam mansamente. Um mundo já morria e outro ia nascer. E o Czar estava fascinado pelos cisnes, e a última página do diário era a eles dedicada. Um homem assim teria de ser exterminado a bala ou a punhaladas, como uma ratazana.
Alguém lembrará a figura e o nome de Kennedy. Era um líder que preservava um mínimo de humanidade. Mas não era líder. Lembro-me da babá portuguesa da minha garotinha. Ao ver o retrato de Kennedy gemeu com sotaque: - «Bonito como uma virgem.» Era um líder de luxo, isto é, o antilíder. Ao entrar na política, o pai, outro aristocrata, deu-lhe um cheque de um milhão de dólares. E mais: - Johnny casou-se com Jacqueline. E a mulher bonita é própria do falso líder. Nem Stalin, nem Hitler, fariam essa dupla concessão ao sentimento e ao sexo. Reexaminem toda a vida de Kennedy: - não foi, em momento nenhum da sua história e da sua lenda, um canalha. E não soube fazer pulhas para juntá-los em torno de sua liderança.
Pensem no pacto germano-soviético. Todos os que o aceitaram ou que ainda hoje o justificam eram e são perfeitos, irretocáveis canalhas. De um só lance, Stalin e Hitler degradaram toda uma época. Eis o que desejo ressaltar: - faltava a Kennedy essa capacidade de aviltar um povo. Ao passo que Stalin fez seu povo à imagem e semelhança da própria abjecção. Mas foi na morte que Kennedy demonstrou a ineficácia e falsidade da sua liderança.
O líder não morre antes, nem depois. O derrame escolheu a hora certa para matar Stalin. Hitler meteu uma bala na cabeça no momento justo em que precisava estourar os miolos. Waterloo aconteceu quando se esgotou a vitalidade histórica da era napoleónica. Se Lênin vivesse mais 15 dias, seria outro Trotski. E Kennedy caiu antes do tempo, morreu quando não tinha que morrer. Imaginem um Cristo morto de coqueluche aos três anos. Não seria Cristo, não seria nada. Kennedy morreu ao lado da mulher bonita. E, de repente, veio a bala e arrancou-lhe o queixo, forte, crispado, vital.
Restava tudo por fazer; o horizonte da reeleição abria-se diante dele. Essa morte antes do tempo mostrou que Kennedy não era Kennedy. O amor que lhe consagramos é um equívoco.
Falo, falo, e não sei bem por que estou dizendo tudo isso. Agora me lembro. Eu disse algo parecido, ontem, num sarau de grã-finos. Não achem graça. Aprende-se muito no grã-finismo, e repito: — certos grã-finos têm um sutil faro histórico, diria melhor, profético. Sentem, por vezes, antes dos outros, o que eu chamaria «odor da História». E um desses estava-me dizendo, num canto, com uma convicção forte: — «Vai haver o diabo neste País.» O que era pouco para a minha fome. O grã-fino punha mais gelo no copo. Insinuou: — «Há muita insatisfação.» Ainda era pouco. E eu queria saber, concretamente, o que vinha por aí. Perguntei: — «Sangue?» E o outro, cara a cara comigo e um ar de quem promete uma hemorragia nacional inédita: disse e fez um «suspense». Instiguei-o: — «O diabo, como?» E ele, misterioso: — «Você não sente que vem por aí não sei o quê?» Esse «não sei o quê»— «Sangue.»
Todavia, o «suspense» continuava. «Sangue», dissera ele. Mas, quem ia derramar o sangue, e que sangue? Ainda olhei para os lados, como a procurar, entre os convidados, um possível Drácula. Quando, porém, o grã-fino falou em «esquerda», a minha perplexidade não teve mais tamanho. Recuei dois passos, avancei outros tantos e perguntei: - «Você acredita na nossa esquerda? Nessa que está aí?»
Ele acreditava. Então perdi a paciência e falei sem parar. Quem ia mudar alguma coisa neste País? A esquerda tem um canalha para exercer uma liderança concreta e proveitosa? Senhoras entraram no debate. Fez-se, ali, uma alegre pesquisa de pulhas.
Mas os canalhas lembrados eram, ao mesmo tempo, imbecis. E o que a História pedia era um crápula com seu toque de génio. Em suma: não ocorria aos presentes um nome válido. A última palavra foi minha. Disse eu mais ou menos o seguinte: — enquanto a esquerda que aí está não for substituída até seu último idiota, não vai acontecer nada, rigorosamente nada.
Nelson Rodrigues, in 'O Homem Fatal
Mas dizia eu que Stalin não foi traído, nem Hitler. O Fuhrer, para morrer, teve de se matar. (Nem me falem do atentado dos generais grã-finos. Há uma só verdade: — nem o soldado alemão, nem o operário, nem o jovem, nem o velho, traíram Hitler.) E, quanto a Stalin, ninguém mais amado. Só Hitler foi tão amado. Aqui mesmo, no Brasil. Bem me lembro, durante a guerra, dos nossos stalinistas. Na queda de Paris, um deles veio-me dizer, de olho rútilo e lábio trémulo: - «Hitler é muito mais revolucionário do que a Inglaterra.»
Sim, o que se sentia, aqui, por Stalin, era uma dessas admirações hediondas. Eu via homens de voz grossa, barba cerrada, ênfase viril. Em cada um dos seus gestos, a masculinidade explodia. E, quando falavam de Stalin, eles se tornavam melífluos, como qualquer «travesti» do João Caetano ou do Teatro República. O que se sentia, por trás desse arrebatamento stalinista, era um amor quase físico, uma espécie de pederastia idealizada, utópica, sagrada. Com as mandíbulas trémulas, uma salivação efervescente, os fanáticos chamavam o Guia de «o Velho». E essa paixão era de um sublime ignóbil.
Já o Czar foi o antilíder. Há um quadro russo da matança da Família Imperial. (A pintura de lá, tanto a czarista, como a soviética, é puro Osvaldo Teixeira.) Eis o que nos mostra a tela: empilhados, numa bacanal de defuntos, o Czar, a Czarina, as princesinhas, etc., etc. Uns por cima dos outros, e cravejados de balas. Os soldados receberam a ordem e estouraram a cara dos velhos, das mocinhas, dos meninos. Mas não vamos assumir, aqui, nenhuma postura sentimental. Eis o que importa dizer.
Na véspera de morrer, o nosso Nicolau entretinha-se na redacção do seu diário. Fazia diário como qualquer heroína da Coleção das Moças. Reparem no antilíder, no anti-rei no antitudo. No dia seguinte estariam à mostra os intestinos dele mesmo, as tripas da mulher, dos filhos, dos sobrinhos, dos netos. Mas ele não teve nenhum sentimento da morte. No jardim havia um «lago azul» como o da nossa canção naval. E, lá, dois ou três cisnes deslizavam mansamente. Um mundo já morria e outro ia nascer. E o Czar estava fascinado pelos cisnes, e a última página do diário era a eles dedicada. Um homem assim teria de ser exterminado a bala ou a punhaladas, como uma ratazana.
Alguém lembrará a figura e o nome de Kennedy. Era um líder que preservava um mínimo de humanidade. Mas não era líder. Lembro-me da babá portuguesa da minha garotinha. Ao ver o retrato de Kennedy gemeu com sotaque: - «Bonito como uma virgem.» Era um líder de luxo, isto é, o antilíder. Ao entrar na política, o pai, outro aristocrata, deu-lhe um cheque de um milhão de dólares. E mais: - Johnny casou-se com Jacqueline. E a mulher bonita é própria do falso líder. Nem Stalin, nem Hitler, fariam essa dupla concessão ao sentimento e ao sexo. Reexaminem toda a vida de Kennedy: - não foi, em momento nenhum da sua história e da sua lenda, um canalha. E não soube fazer pulhas para juntá-los em torno de sua liderança.
Pensem no pacto germano-soviético. Todos os que o aceitaram ou que ainda hoje o justificam eram e são perfeitos, irretocáveis canalhas. De um só lance, Stalin e Hitler degradaram toda uma época. Eis o que desejo ressaltar: - faltava a Kennedy essa capacidade de aviltar um povo. Ao passo que Stalin fez seu povo à imagem e semelhança da própria abjecção. Mas foi na morte que Kennedy demonstrou a ineficácia e falsidade da sua liderança.
O líder não morre antes, nem depois. O derrame escolheu a hora certa para matar Stalin. Hitler meteu uma bala na cabeça no momento justo em que precisava estourar os miolos. Waterloo aconteceu quando se esgotou a vitalidade histórica da era napoleónica. Se Lênin vivesse mais 15 dias, seria outro Trotski. E Kennedy caiu antes do tempo, morreu quando não tinha que morrer. Imaginem um Cristo morto de coqueluche aos três anos. Não seria Cristo, não seria nada. Kennedy morreu ao lado da mulher bonita. E, de repente, veio a bala e arrancou-lhe o queixo, forte, crispado, vital.
Restava tudo por fazer; o horizonte da reeleição abria-se diante dele. Essa morte antes do tempo mostrou que Kennedy não era Kennedy. O amor que lhe consagramos é um equívoco.
Falo, falo, e não sei bem por que estou dizendo tudo isso. Agora me lembro. Eu disse algo parecido, ontem, num sarau de grã-finos. Não achem graça. Aprende-se muito no grã-finismo, e repito: — certos grã-finos têm um sutil faro histórico, diria melhor, profético. Sentem, por vezes, antes dos outros, o que eu chamaria «odor da História». E um desses estava-me dizendo, num canto, com uma convicção forte: — «Vai haver o diabo neste País.» O que era pouco para a minha fome. O grã-fino punha mais gelo no copo. Insinuou: — «Há muita insatisfação.» Ainda era pouco. E eu queria saber, concretamente, o que vinha por aí. Perguntei: — «Sangue?» E o outro, cara a cara comigo e um ar de quem promete uma hemorragia nacional inédita: disse e fez um «suspense». Instiguei-o: — «O diabo, como?» E ele, misterioso: — «Você não sente que vem por aí não sei o quê?» Esse «não sei o quê»— «Sangue.»
Todavia, o «suspense» continuava. «Sangue», dissera ele. Mas, quem ia derramar o sangue, e que sangue? Ainda olhei para os lados, como a procurar, entre os convidados, um possível Drácula. Quando, porém, o grã-fino falou em «esquerda», a minha perplexidade não teve mais tamanho. Recuei dois passos, avancei outros tantos e perguntei: - «Você acredita na nossa esquerda? Nessa que está aí?»
Ele acreditava. Então perdi a paciência e falei sem parar. Quem ia mudar alguma coisa neste País? A esquerda tem um canalha para exercer uma liderança concreta e proveitosa? Senhoras entraram no debate. Fez-se, ali, uma alegre pesquisa de pulhas.
Mas os canalhas lembrados eram, ao mesmo tempo, imbecis. E o que a História pedia era um crápula com seu toque de génio. Em suma: não ocorria aos presentes um nome válido. A última palavra foi minha. Disse eu mais ou menos o seguinte: — enquanto a esquerda que aí está não for substituída até seu último idiota, não vai acontecer nada, rigorosamente nada.
Nelson Rodrigues, in 'O Homem Fatal
terça-feira, 24 de março de 2020
República de Ministros
Bolsonaro escolheu um ministério de técnicos, mas não controlou a si próprio.
Criou crise desnecessária em cima de crise desnecessária.
A imprensa, que não lhe nutre grande simpatia, desceu o porrete.
Depois o Presidente bateu em seus aliados e isolou-se politicamente.
Agora a crise real chegou e o imenso apoio popular derrete dia a dia.
O resultado disso tudo é um Presidente menor que 3 Ministros.
Hoje Bolsonaro é menor que Moro, Guedes e Mandetta.
Inauguramos uma fase nova: A República dos Ministros.
Criou crise desnecessária em cima de crise desnecessária.
A imprensa, que não lhe nutre grande simpatia, desceu o porrete.
Depois o Presidente bateu em seus aliados e isolou-se politicamente.
Agora a crise real chegou e o imenso apoio popular derrete dia a dia.
O resultado disso tudo é um Presidente menor que 3 Ministros.
Hoje Bolsonaro é menor que Moro, Guedes e Mandetta.
Inauguramos uma fase nova: A República dos Ministros.
segunda-feira, 23 de março de 2020
sábado, 21 de março de 2020
terça-feira, 17 de março de 2020
Panelaços voltaram
Reale Jr. critica.
Janaína Pascoal coloca o dedo na ferida em um discurso acalorado.
Ouvem-se panelaços em SP e Brasília.
Já vimos este filme com Dilma, agora vemos o início com Bolsonaro.
Ou nosso Presidente vira um estadista e governa pra todos, ou fica no seu gueto digit e será varrido da história (por impeachment - já que não tem base parlamentar - ou por voto na próxima eleição).
A crise atual (que começa em saúde e termina em economia) não suporta amadores.
Fazer lives e pregar para convertidos não resolverá desta vez.
Janaína Pascoal coloca o dedo na ferida em um discurso acalorado.
Ouvem-se panelaços em SP e Brasília.
Já vimos este filme com Dilma, agora vemos o início com Bolsonaro.
Ou nosso Presidente vira um estadista e governa pra todos, ou fica no seu gueto digit e será varrido da história (por impeachment - já que não tem base parlamentar - ou por voto na próxima eleição).
A crise atual (que começa em saúde e termina em economia) não suporta amadores.
Fazer lives e pregar para convertidos não resolverá desta vez.
Mensagem recebida
Recebi esta mensagem de um amigo médico
Formado pela UFMG. 20 anos de experiência.
Profissional no Hospital Sarah Kubischek de Brasília.
O recado não é agradável.
Temos 10 vezes mais casos que a Itália (se pegarmos o mesmo ponto da curva do gráfico de casos.
Segue o texto.
"Não é histeria.
As instituições sérias de pesquisa estão divulgando dados gravíssimos e os hospitais e serviços de saúde não tem como dar assistência a demanda que vai surgir, principalmente daqui a 4 semanas.
Não é verdade que, enquanto nação, estamos melhor preparados ou que já foram tomadas medidas mais efetivas que na Italia. A trajedia que está ocorrendo lá já está iniciando em outros países.
20 dias após o caso índice temos 10x mais casos que os italianos. E ainda temos de considerar subnotificação. A nossa curva está mais acentuada que na Itália.
Fora problemas médicos virá o financeiro.
Mácron decretou isolamento, interrupções de tudo que não essencial, anistia de água, luz, gás e aluguel. Outros estão tomando medidas para auxiliar as famílias neste período de queda de renda e aumento dos preços.
Desassistência médica, desabastecimento é um risco humanitário e social muito importante!
Os governos anteriores não fizeram nada digno pela saúde, mas o Bolsonaro não foi, como de costume, burro e irresponsável, foi criminoso em expor as pessoas enquanto sabia que deveria estar em quarentena e ainda tenta minimizar o quadro e ainda diz que vai fazer festa enquanto que isolamento e quarenta é melhor chance de reduzir os danos.
Espero que o país consiga se organizar, que façamos a nossa parte e que os epidemiologistas estejam errados.
Desculpe o textão...
Abração"
PS.: meu Amigo nunca foi petista ou de esquerda.
A crítica a conduta do Presidente é médica e não ideológica.
Formado pela UFMG. 20 anos de experiência.
Profissional no Hospital Sarah Kubischek de Brasília.
O recado não é agradável.
Temos 10 vezes mais casos que a Itália (se pegarmos o mesmo ponto da curva do gráfico de casos.
Segue o texto.
"Não é histeria.
As instituições sérias de pesquisa estão divulgando dados gravíssimos e os hospitais e serviços de saúde não tem como dar assistência a demanda que vai surgir, principalmente daqui a 4 semanas.
Não é verdade que, enquanto nação, estamos melhor preparados ou que já foram tomadas medidas mais efetivas que na Italia. A trajedia que está ocorrendo lá já está iniciando em outros países.
20 dias após o caso índice temos 10x mais casos que os italianos. E ainda temos de considerar subnotificação. A nossa curva está mais acentuada que na Itália.
Fora problemas médicos virá o financeiro.
Mácron decretou isolamento, interrupções de tudo que não essencial, anistia de água, luz, gás e aluguel. Outros estão tomando medidas para auxiliar as famílias neste período de queda de renda e aumento dos preços.
Desassistência médica, desabastecimento é um risco humanitário e social muito importante!
Os governos anteriores não fizeram nada digno pela saúde, mas o Bolsonaro não foi, como de costume, burro e irresponsável, foi criminoso em expor as pessoas enquanto sabia que deveria estar em quarentena e ainda tenta minimizar o quadro e ainda diz que vai fazer festa enquanto que isolamento e quarenta é melhor chance de reduzir os danos.
Espero que o país consiga se organizar, que façamos a nossa parte e que os epidemiologistas estejam errados.
Desculpe o textão...
Abração"
PS.: meu Amigo nunca foi petista ou de esquerda.
A crítica a conduta do Presidente é médica e não ideológica.
segunda-feira, 16 de março de 2020
Libera geral
O Zelador se definiu como "democrata social cristão de centro esquerda, com leve tendência anarquista".
Coerente.
Senti-me no dever de me definir também.
(Estranho mas sincero).
Sou democrata liberal.
Liberal em economia e costumes.
Se puder encaixar tudo isto numa monarquia constitucionalista, melhor.
O exemplo vem de cima
O Secretario de Comunicação vai com a Comitiva Presidencial aos EUA e volta com o vírus.
Suspeita sobre a contaminação do Presidente.
Os testes dão negativo, mas não são conclusivos.
Daí vem domingo e aquela vontade imensa de sair abraçando apoiadores... colocando (ainda que potencialmente) pessoas em risco de contaminação.
Convenhamos: não foi o melhor exemplo de um líder.
O país não aguenta
Bolsonaro tem apoio popular e isto o torna politicamente muito forte.
O problema é que Bolsonaro nao tem apoio político.
Se acabar o apoio popular (e sempre acaba), estaremos a beira de uma nova crise institucional.
O problema é que Bolsonaro nao tem apoio político.
Se acabar o apoio popular (e sempre acaba), estaremos a beira de uma nova crise institucional.
quinta-feira, 12 de março de 2020
terça-feira, 10 de março de 2020
segunda-feira, 9 de março de 2020
O Óbvio
Parece piada, mas é apenas notícia:
Três neonazistas bolivianos (com cara de índio andino) foram para a Alemanha e apanharam de neonazistas germânicos.
A seleção natural de Darwin se mostra cada vez mais atual: individuos com opções políticas idiotas deixam menos decendentes.
Três neonazistas bolivianos (com cara de índio andino) foram para a Alemanha e apanharam de neonazistas germânicos.
A seleção natural de Darwin se mostra cada vez mais atual: individuos com opções políticas idiotas deixam menos decendentes.
domingo, 8 de março de 2020
sábado, 7 de março de 2020
quinta-feira, 5 de março de 2020
Parou
Ronaldinho Gaúcho, brasileiro célebre, campeão mundial de futebol e eleito melhor do mundo, foi detido no Paraguai
, com documentos paraguaios falsos.
Um milionário preso por falsificação no Paraguai.
Tudo tem limite.
quarta-feira, 4 de março de 2020
Discussões úteis
19 de março voltou a ser feriado municipal.
Nunca escondi minha predileção pela data.
Contudo, foi uma baita perda de tempo a Câmata ficar discutindo isso.
Agora os vereadores vão debater sobre coisas mais úteis como a mudança do Dia das Mães para novembro.
Nunca escondi minha predileção pela data.
Contudo, foi uma baita perda de tempo a Câmata ficar discutindo isso.
Agora os vereadores vão debater sobre coisas mais úteis como a mudança do Dia das Mães para novembro.
terça-feira, 3 de março de 2020
Crônica de um erro anunciado
Bolsonaro conclamou o povo num ato de apoio a ser realizado dia 15/03/20.
Indiretamente, o ato também será de repúdio ao Congresso e Judiciário (por coincidéncia os demais poderes que sustentam nossa democracia).
Não precisa ser um expert pra entender o erro:
Se o ato der certo, ou seja, se Bolsonaro tiver um imenso apoio da população e esta também repudiar os demais poderes, estaremos a um passo de um golpe de estado.
Presidente muito forte + Legislativo e Judiciário fraco = golpe.
Fórmula mais velha que andar pra frente.
Se o ato der errado, o presidente irá em um dia esgotar todo seu capital político (como acconteceu com Collor quando pediu que brasileiros usassem as cores da bandeira e o Brasil usou preto).
O mais sensato seria esvaziar o ato antes da realização.
Acontece que sensatez anda meio em baixa no mercado (há um bom tempo).
Indiretamente, o ato também será de repúdio ao Congresso e Judiciário (por coincidéncia os demais poderes que sustentam nossa democracia).
Não precisa ser um expert pra entender o erro:
Se o ato der certo, ou seja, se Bolsonaro tiver um imenso apoio da população e esta também repudiar os demais poderes, estaremos a um passo de um golpe de estado.
Presidente muito forte + Legislativo e Judiciário fraco = golpe.
Fórmula mais velha que andar pra frente.
Se o ato der errado, o presidente irá em um dia esgotar todo seu capital político (como acconteceu com Collor quando pediu que brasileiros usassem as cores da bandeira e o Brasil usou preto).
O mais sensato seria esvaziar o ato antes da realização.
Acontece que sensatez anda meio em baixa no mercado (há um bom tempo).
Casal 26 (13+13)
Gleisi Hoffmann e Linderberg Farias formam o novo casal da Esquerda brasileira.
Estranhamente o novo casal-símbolo da Esquerda é hétero, branco e bem remunerado.
Estranhamente o novo casal-símbolo da Esquerda é hétero, branco e bem remunerado.
Tudo que é sólido....
O mundo que conhecemos esta desabando.
Em menos de 15 anos teremos um serviço de transporte unitário e autonomo que vai acabar com os carros particulares.
Também virão as clean-meats, ou seja, plantações de carne (pasmem... já são mais baratas que as carnes convencionais). Ciao frigoríficos, açougues.
A realidade virtual vai se tornar convincente.
Poderemos ter aulas nas melhores escolas, universidades sem sair de casa.
Ciao escolas da cidade.
Provavelmente a realidade virtual também será aplicada a outras atividades e ciao prostíbulos.
Mais um tempo, surgem residências por streaming (muito mais baratas, seguras e confortáveis - algo meio flat) e ciao casa própria.
Como antecipou Marx, tudo o que é sólido se desmancha no ar.
Em menos de 15 anos teremos um serviço de transporte unitário e autonomo que vai acabar com os carros particulares.
Também virão as clean-meats, ou seja, plantações de carne (pasmem... já são mais baratas que as carnes convencionais). Ciao frigoríficos, açougues.
A realidade virtual vai se tornar convincente.
Poderemos ter aulas nas melhores escolas, universidades sem sair de casa.
Ciao escolas da cidade.
Provavelmente a realidade virtual também será aplicada a outras atividades e ciao prostíbulos.
Mais um tempo, surgem residências por streaming (muito mais baratas, seguras e confortáveis - algo meio flat) e ciao casa própria.
Como antecipou Marx, tudo o que é sólido se desmancha no ar.
Teste Vocacional
Analisando hoje meus talentos, gostos e afinidades, eu deveria ser redator de humor.
Nunca fui bom em contar piadas, mas sempre fui o criador delas.
Coaiada, meu Amigo, as contava com graça e habilidade.
Coaia virou dono de cartório. Eu, operário do direito.
Afinal, todos temos contas a pagar.
Nunca fui bom em contar piadas, mas sempre fui o criador delas.
Coaiada, meu Amigo, as contava com graça e habilidade.
Coaia virou dono de cartório. Eu, operário do direito.
Afinal, todos temos contas a pagar.
Problema de base
Todo o direito processual é construído sobre o princípio do contraditório.
Vamos combinar que uma coisa que tem por base o contraditório não pode ser clara.
Vamos combinar que uma coisa que tem por base o contraditório não pode ser clara.
Contraditórios
Quando penso na brevidade da vida, dá uma preguiça de tentar grandes feitos, mas dá uma pressa imensa de viver.
segunda-feira, 2 de março de 2020
domingo, 1 de março de 2020
Efeito Capitu
Há algo mágico em escrever.
Nada nada é um pensamento que resistirá a minha morte.
Mas há algo ainda mais mágico em ser lido.
O pensamento inicial, na mente do leitor, se reproduz e ganha vida própria.
Nada nada é um pensamento que resistirá a minha morte.
Mas há algo ainda mais mágico em ser lido.
O pensamento inicial, na mente do leitor, se reproduz e ganha vida própria.
2020 CD3
Há algo no ar e não é avião de carreira, já alertava o Barão de Itararé.
No caso, uma mini-lua.
Sim. Agora a Terra conta com dois satélites naturais.
Nada relevante.
Ainda manteremos nosso signo e ascendente.
A mini-lua tem 3 anos e deve ficar nos orbitando por mais 7.
Só o nome que é de matar 2020 CD3.
Esse pessoal de astronomia não entende nada de arte ou marketing.
Uma segunda lua temporária é algo mágico, místico, romantico... daí me batizam o corpo celeste com um código de barra.
Francamente...
No caso, uma mini-lua.
Sim. Agora a Terra conta com dois satélites naturais.
Nada relevante.
Ainda manteremos nosso signo e ascendente.
A mini-lua tem 3 anos e deve ficar nos orbitando por mais 7.
Só o nome que é de matar 2020 CD3.
Esse pessoal de astronomia não entende nada de arte ou marketing.
Uma segunda lua temporária é algo mágico, místico, romantico... daí me batizam o corpo celeste com um código de barra.
Francamente...
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