domingo, 6 de maio de 2018

Chão de Estrelas

Domingo a tarde.
Misteriosamente minhas filhas começam a brincar e dar muitas risadas.
Risadas grandes e gostosas que só crianças felizes são capazes de dar.
Deitado no sofá, esboço um leve sorriso.
Orgulhoso: sinto-me um bom pai.

Minutos depois.
Talvez uma hora, minha caçula (4 anos) chega - toda carinhosa - carregando um livro escolar já usado pela irmã e deita no meu peito.
Pede para eu ler um poema aberto numa página aleatória.
Leio e descubro que é Toquinho ("Errar é Humano").
Ela pergunta o que é aquilo brilhando perto do meu olho.
Penso que seja o brilho normal de um olho, ela insiste, mudo para remela.
Ela insiste mais e eu desconverso, tentando limpar o rosto.
Sinto-me muito orgulhoso: fui apresentado a um poema pouco óbvio de Toquinho pela minha filha....

Domingo a noite.
Entro no quarto onde elas estavam brincando.
Há gliter por todo lado: chão, edredom, travesseiro, parede.
Muito gliter.
Muito gliter.
Vou brilhar dourado por meses.
Reparo direito e percebo que o chão de toda a casa brilha.
Enquanto todo meu orgulho murchava, eu pisava em astros distraído, na tentativa de catar algum brilhinho com papel higiênico molhado.
Apenas um pai normal.
Normalzinho...

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