terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Meus Heróis


Os Goitacá eram um dos poucos nativos que dominavam o litoral e não pertenciam ao grupo Tupi-Guarani.
Ficavam num lugar meio tenso, é verdade, na região que hoje denominamos Espírito Santo.
Num pedaço cheio de lagoas.
Provavelmente se pronunciava Waitacá (palavra Tupi).
Como eles próprios se denominavam se perdeu no tempo.
Altos, fortes, eximíos corredores e nadadores, extremamente ferozes, eram antropofágicos, mas nada ritualístico (como eram os Tupis). Comiam carne humana como parte do cardápio.
Aliás, eles chamavam as pessoas de outras etnias de "pessoas de comer". Fofos...
Andavam completamente nús.
O ritual de passagem era tranquilo: ao completar uma idade, o adolescente mergulhava, dava um soco no nariz de um tubarão. Travava a boca da fera com um pedaço de madeira.
Depois enfiava o braço na boca e puxava as entranhas.
Os dentes do bicho passavam então a compor o colar que exibiam no peito e a ser a seta da flexas.
(Não pense que é exagero: há dezenas de relatos nesse sentido).
O nosso ritual de passagem é tirar CNH...
Nunca foram capturados, ou derrotados em batalhas.
Nunca se aliaram a portugueses ou franceses.
Meus heróis.
Nunca se dobraram.
Nunca cederam.
Os Portugueses, percebendo que não iriam derrota-los, usaram armas químicas. Deixaram roupas contaminadas com varíola para serem recolhidas pelos Goitacá.
Morreram todos.
Todos.
Todos...

Nenhum comentário:

Postar um comentário