quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Risadas como Moldura

É noite.

Quero tirar minhas Filhas do computador.

Sorrateiramente desligo a internet e sugiro a leitura de um livro.

Pego "Memórias de Emília".

Criança eu não li nada de Monteiro Lobato.

Oportunidade pra mim e para elas.

O livro começa e é bom.

Minhas Filhas rolam de rir com Emília.

Um sol se abre entre nós.

O texto melhora a cada momento. Ótimo para crianças e adultos.

Começo a achar o cara um gênio.

Segue um trecho (da parte boa para adultos) para provar:

 "A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.  Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso. É um dorme-e-acorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; Pisca e anda; Pisca e brinca; Pisca e estuda; Pisca e ama; Pisca e cria filhos; Pisca e geme os reumatismos; Por fim, pisca pela última vez e morre.
- E depois que morre - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?"

Minhas Filhas vão dormir.

Me animo a continuar na leitura.

Sem elas, a noite segue silenciosa e sem risadas.

Começo a achar Monteiro Lobato muito chato.

Abandono o livro.

Espero continuar amanhã, quando as risadas fizerem moldura.

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